quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Tenho muito para fazer

 Um velho eremita, refugiou-se na montanha por muito tempo. Um dia alguém apareceu e lhe perguntou:

Com o que se ocupa, se vive na solidão?

Tenho muito para fazer: Treinar dois falcões e duas águias. Tranquilizar dois coelhos. Disciplinar uma cobra. Motivar um burro e domar um leão.

Não vejo nenhum aqui. Onde estão?

Esses animais os carregamos todos dentro. Os dois falcões se arremessam sobre tudo o que lhes acontece, bom ou ruim. Tenho que treiná-los para que se lancem sobre coisas boas: São os meus olhos.

As duas águias com suas garras ferem e destroem, tenho que treiná-las para que se coloquem no serviço do Bem: São minhas mãos.

Os coelhos querem ir para onde querem, querem contornar as situações difíceis, tenho que ensinar-lhes a ficar tranquilos mesmo que haja sofrimento ou problema: São os meus pés.

O mais difícil é vigiar a cobra, está presa em uma gaiola, mas está sempre pronta para atacar, e colocar seu veneno em qualquer um: É a minha língua.

O burro é teimoso, está sempre cansado e recusa-se a carregar a sua carga todos os dias: É o meu corpo.

Finalmente preciso domar o leão, quer ser o rei, é arrogante, vaidoso, quer sempre ser o primeiro, se acha o melhor: É o meu ego. Como vê tenho muito trabalho para fazer

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

os dedos cheios de giz

 - Mãe.

- Diz.

- Porque é que as pessoas velhinhas têm o cabelo branco?

- Porque o Tempo é professor e tem as mãos cheias de giz.

- Mas o Tempo não escreve no quadro, mãe.

- Pois não, o Tempo escreve na vida de cada um de nós para nos ensinar até ao fim as lições que temos de aprender.

- E depois?

- Depois sorri e passa os dedos cheios de giz pelo nosso cabelo, para que de cada aula dada se faça lição aprendida. São assim as lições de vida.

Lisa Aisato