Apesar de ser um trabalho relativamente recente (1979) é já um clássico esta obra de John Bowlby. Vale sempre a pena lê-la ou relê-la.
Bolwlby trabalha fundamentalmente no cruzamento entre o biológico e o psicológico, profundamente influenciado pela etologia, estudou o comportamento das crianças na formação dos laços afectivos com as suas mães e as consequências do rompimento inesperado desses laços. Os conhecimentos adquiridos através destes estudos foram depois generalizados para a formação e o rompimento dos laços afectivos em qualquer idade.
Deixo-vos dois pequenos excertos para estimular o retorno a este trabalho:
“(...) um bebé de quinze a trinta meses que venha tendo uma relação bastante segura com sua mãe e nunca se tenha separado dela antes, mostrará, via da regra, uma sequência previsível de comportamento. Essa sequência pode ser decomposta em três fases, de acordo com a atitude dominante da mãe. Descrevemo-las como as fases de protesto, desespero e desligamento. Primeiro com lágrimas e raiva, o bebé exige que a sua mãe regresse e parece ter esperanças de conseguir reavê-la. Esta é a fase de protesto, e pode durar vários dias. Depois torna-se mais calmo mas, para um observador perspicaz, é evidente que o bebé continua tão preocupado quanto estava antes com a ausência da mãe e ainda anseia pelo seu regresso; mas as suas esperanças dissiparam-se e ele entra na fase do desespero. Estas duas fases alternam-se frequentemente: a esperança converte-se em desespero e o desespero em renovada esperança. Finalmente, porém, ocorre uma mudança maior. O bebe parece esquecer a sua mãe, de modo que, quando ela regressa, permanece curiosamente desinteressado e, inclusive, pode parecer que não a reconhece. Esta é a terceira fase – a do desligamento. Em cada uma destas fases a criança é propensa a birras e episódios de comportamentos destrutivos, muitas vezes de um tipo inquietantemente violento.” pp.72/73
“(...) Muitas das emoções mais intensas surgem durante a formação, manutenção, rompimento e renovação das relações de ligação. A formação de um vínculo é descrita como “apaixonar-se ”, a manutenção de um vínculo como “amar alguém” e perda de um parceiro como “sofrer por alguém”. Do mesmo modo, a ameaça de perda gera ansiedade e a perda real produz tristeza; enquanto que cada uma dessas situações é passível de suscitar raiva. A manutenção inalterada de um vinculo afectivo é sentida como uma fonte se segurança, e a renovação de um vinculo, como uma fonte de júbilo. Como tais emoções são habitualmente um reflexo do estado dos vínculos afectivos de uma pessoa, conclui-se que a psicologia e a psicopatologia das emoções é, em grande parte, a psicologia e a psicopatologia dos vínculos afectivos”. Pp.172
aqui
Bolwlby trabalha fundamentalmente no cruzamento entre o biológico e o psicológico, profundamente influenciado pela etologia, estudou o comportamento das crianças na formação dos laços afectivos com as suas mães e as consequências do rompimento inesperado desses laços. Os conhecimentos adquiridos através destes estudos foram depois generalizados para a formação e o rompimento dos laços afectivos em qualquer idade.
Deixo-vos dois pequenos excertos para estimular o retorno a este trabalho:
“(...) um bebé de quinze a trinta meses que venha tendo uma relação bastante segura com sua mãe e nunca se tenha separado dela antes, mostrará, via da regra, uma sequência previsível de comportamento. Essa sequência pode ser decomposta em três fases, de acordo com a atitude dominante da mãe. Descrevemo-las como as fases de protesto, desespero e desligamento. Primeiro com lágrimas e raiva, o bebé exige que a sua mãe regresse e parece ter esperanças de conseguir reavê-la. Esta é a fase de protesto, e pode durar vários dias. Depois torna-se mais calmo mas, para um observador perspicaz, é evidente que o bebé continua tão preocupado quanto estava antes com a ausência da mãe e ainda anseia pelo seu regresso; mas as suas esperanças dissiparam-se e ele entra na fase do desespero. Estas duas fases alternam-se frequentemente: a esperança converte-se em desespero e o desespero em renovada esperança. Finalmente, porém, ocorre uma mudança maior. O bebe parece esquecer a sua mãe, de modo que, quando ela regressa, permanece curiosamente desinteressado e, inclusive, pode parecer que não a reconhece. Esta é a terceira fase – a do desligamento. Em cada uma destas fases a criança é propensa a birras e episódios de comportamentos destrutivos, muitas vezes de um tipo inquietantemente violento.” pp.72/73
“(...) Muitas das emoções mais intensas surgem durante a formação, manutenção, rompimento e renovação das relações de ligação. A formação de um vínculo é descrita como “apaixonar-se ”, a manutenção de um vínculo como “amar alguém” e perda de um parceiro como “sofrer por alguém”. Do mesmo modo, a ameaça de perda gera ansiedade e a perda real produz tristeza; enquanto que cada uma dessas situações é passível de suscitar raiva. A manutenção inalterada de um vinculo afectivo é sentida como uma fonte se segurança, e a renovação de um vinculo, como uma fonte de júbilo. Como tais emoções são habitualmente um reflexo do estado dos vínculos afectivos de uma pessoa, conclui-se que a psicologia e a psicopatologia das emoções é, em grande parte, a psicologia e a psicopatologia dos vínculos afectivos”. Pp.172
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