sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Hoje

Hoje deitei-me ao lado da minha solidão.
O seu corpo perfeito, linha a linha,
Derramava-se no meu, e eu sentia
nele o pulsar do próprio coração.

Moreno, era a forma das pedras e das luas.
Dentro de mim alguma coisa ardia:
a brancura das palavras maduras
ou o medo de perder quem me perdia.

Hoje deitei-me ao lado da minha solidão
e longamente bebi os horizontes.
E longamente fiquei até sentir
o meu sangue jorrar nas próprias fontes.

Eugénio de Andrade

1 comentário:

redeazul disse...

é o que acontece a quem tem medo de se dar