quinta-feira, 13 de março de 2008

O que eu que eu queria...

O que eu queria era amar-te
Sem recear por perder-te
Amar-te inteira e sorrindo
Por saber que, dia findo
Com teu riso voltarias
Sabendo que nunca irias
Para fora deste verso
E se fosses sempre vinhas
Com tuas mãos para as minhas
A celebrar o regresso.

O que queria era ser
De fases como a lua
Ter fases de estar sozinha
E fases de pequenina
Me deitar e ser só tua

O que eu queria era estar
Sempre certa do teu rumo
Deixar-te por mares errar
Por esses céus ir voar
Como o fazem as fadas
A saber que tudo tens
e não precisas de mim
A voltares quando quiseres
Para comigo encontrares
Os pedacinhos de nadas
Que fazem o teu jardim

A voltar quando sentisses
Vontade de descansar
De rir e de vir contar
O que viste e o que fizeste
Dos dias que lá passaste
O que gostaste e o que sabes
As montanhas que subiste
Os sonhos que repartiste
Os voos que dividiste
Com outras nuvens e aves

Dos voos da tua alma
Dos trapézios sem rede
Dos lagos da tua calma
Das águas, da tua sede
Das alegrias de antes…
Das descidas fulgurantes
Desde o céu até ao chão
E saber que se quisesses
Poderias vir pousar
Na palma da minha mão

A voltar porque sabias
Que a parte que te falta
É do tamanho da minha
E do vazio que trago
Quando eu fico sozinha.

Maria Furnas em "Princesa Borboleta"

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