São como cristal,
as palavras.
Algumas um punhal,
um incêndio.
Outras, orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória
Inseguras navegam
barcos ou beijos, as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe assim
cruéis, desfeitas, nas suas conchas puras?
(Eugénio de Andrade)
4 comentários:
vou começar a reclamar co-autoria;-)
"Surdo,subterrâneo rio de palavras me corre lento pelo corpo todo; amor sem margens onde a lua rompe e nimba de luar o próprio lodo Correr do tempo ou só rumor do frio Onde o amor se perde e a razão de amar-surdo,subterrâñeo,impiedoso rio,para onde vais sem eu poder ficar?"
(Eugénio de Andrade)
Sê tu a palavra
1. Sê tu a palavra,
branca rosa brava.
2. Só o desejo é matinal.
3. Poupar o coração
é permitir à morte
coroar-se de alegria.
4. Morre
de ter ousado
na água amar o fogo.
5. Beber-te a sede e partir
- eu sou de tão longe.
6. Da chama à espada
o caminho é solitário.
7. Que me quereis,
se me não dais
o que é tão meu?
Eugénio de Andrade dixit (mas queria Eu ter dito)
E tal...
Enviar um comentário