segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Em todas as ruas te encontro

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco

Mário Cesariny

1 comentário:

Anónimo disse...

Sabes que não sei muito mais,
Do que aprendemos os dois,
Em livros secretos tentamos fazer melhor
Como dois cristais, côr de anil,
Que se olham de frente e perfil,
Pureza e desejo e um toque de mão gentil.
Quero ver se não respondes, desta vez puxei por mim,
Canto, voa, no bico de um colibri.
Se quiseres fazer de conta que não viste como eu vi,
O fogo que arde no peito de um colibri.
Cravejámos de ondas e sal,
Não quisemos ver o areal, deserto das cores
com que pintamos amores.
Não quero saber muito mais
Só quero saber se onde vais,regressaste a ti,
Só quero ver-te feliz.